Vacinação é a forma mais eficaz de prevenção, mas especialistas alertam para o aumento no número de casos da Gripe, Coqueluche e Pneumonia por falta de imunização.
Gripe acomete 5 a 15% da população, causando 3 a 5 milhões de casos graves e 250.000 a 500.000 mortes todos os anos. Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza tem início no dia 27 de abril, mas a vacina já está disponível na rede particular.
O inverno se aproxima e com ele surgem as preocupações quanto às doenças que comprometem o aparelho respiratório. Os vírus da Gripe, Pneumonia e Coqueluche são transmitidos pelo contato direto da pessoa doente com outra suscetível (não vacinada), por meio de gotículas de saliva expelidas pela tosse, espirro ou fala. E nos meses mais frios as pessoas tendem a se aglomerar mais, aumentando a chance de contágio e exigindo atenção especial quanto à prevenção. E a forma mais eficaz de se proteger é a vacinação. Mas os especialistas alertam: o número de casos dessas doenças tem aumentado devido à falta de vacinação.
“Temos registrado aumento significativo no número de casos dessas e outras doenças. A Coqueluche, por exemplo, registrou um salto de 979 casos em 2009 para mais de 6 mil casos em 2013. Já a Gripe estima-se que acomete 5 a 15% da população, causando 3 a 5 milhões de casos graves e 250.000 a 500.000 mortes todos os anos. Esses são números preocupantes. E isso se deve a falta de vacinação”, alerta a Dra. Marilene Lucinda, especialista em vacinas do Grupo Hermes Pardini.
De acordo com o Calendário Oficial de Vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações as vacinas contra a Gripe (Gripe Trevalente), a Pneumonia (Pneumocócica 13 valente) e a Coqueluche (Tríplice bacteriana DPT) devem ocorrer ainda nos primeiros anos de vida. Entretanto, os especialistas chamam a atenção para a importância da vacinação adulta. “É necessário que os adultos e idosos (este último considerado grupo de risco) reforcem a vacinação, pois com o passar dos anos a imunidade cai, deixando-os suscetíveis às doenças. No caso da Gripe, a vacinação deve ser anual, pois a vacina só fornece proteção por 6 meses a 1 ano”, explica Marilene Lucinda.
A especialista explica que as doenças típicas do inverno podem ocorrer em qualquer época do ano e em qualquer fase da vida, mas as crianças menores de dois anos e os idosos têm maior probabilidade de adoecerem e são os mais propensos a apresentar formas graves que podem evoluir para óbito.
Sobre a Gripe
De acordo com boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde referente ao monitoramento da Influenza no Brasil, no ano de 2014, foram registrados casos da doença em todas as regiões do país, sendo que o Sudeste registrou o maior número de confirmados. Predominaram os casos de influenza A(H3N2), com proporção de 57,0%. Na região Sul houve aumento do número de casos por Influenza em maio do ano passado, com predomínio do vírus Influenza A(H3N2). Os estados com o maior número de óbitos por influenza foram: São Paulo (124), Minas Gerais (33), Mato Grosso do Sul (29) e Goiás (28) (Anexos 2 e 4).
Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade global. Marilene Lucinda explica ainda que a composição da vacina contra a gripe é atualizada a cada ano, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Hemisfério Sul, com os vírus circulantes, para garantir a eficácia do produto. “Neste ano teremos a vacina Gripe Tetravalente, com dois tipos de Influenza A e dois tipos de Influenza B. Até 2014 só tínhamos a trivalente com dois A e um B”, adianta.
A gripe é causada pelo vírus Influenza A, B e C, que pode ser contraído pela via respiratória, geralmente pela inalação de partículas de secreção infectada (pela tosse ou espirro). O período de incubação é de um a cinco dias. Estima-se que uma pessoa infectada seja capaz de transmitir o vírus para até dois contatos não imunes. Os adultos são transmissores da infecção um dia antes da apresentação dos sintomas. “Cerca de 30% a 50% das infecções pelo Influenza são assintomáticas, mas esses indivíduos são transmissores”, alerta a Dra. Marilene Lucinda.
A manifestação clínica ? Síndrome Gripal – é caracterizada por febre alta (38º a 40º C), calafrios, mal estar importante, tosse produtiva, obstrução nasal, dor de garganta, cefaléia, mialgia e, frequentemente, deixa a pessoa acamada. Geralmente, os quadros são autolimitados, mas as principais complicações são as infecções bacterianas secundárias: sinusite, bronquite, pneumonia e otite média aguda. Além de causar descompensação de doenças crônicas como diabetes e cardiopatias. A complicação da influenza que mais frequentemente leva à hospitalização e à morte é pneumonia, que pode ser causada pelo próprio vírus ou por infecção bacteriana.
Em populações não vacinadas, a maioria das mortes por influenza é registrada em idosos, entretanto, as taxas de hospitalizações em crianças menores de cinco anos também são tão elevadas. Em adultos, a maioria das complicações e mortes ocorre em pessoas portadoras de doenças de base, enquanto em crianças menores de cinco anos de idade, a maioria das hospitalizações e quase metade das mortes, ocorre naquelas previamente saudáveis, particularmente, no grupo menor de dois anos de idade. A OMS estima que cerca de 1,2 bilhões de pessoas apresentam risco elevado para complicações da influenza: 385 milhões de idosos acima de 65 anos de idade, 140 milhões de crianças, e 700 milhões de crianças e adultos com doença crônica.
Sobre a Coqueluche
A coqueluche é uma doença infecciosa causada pela bactéria Bordetella pertussis e compromete principalmente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios). Desde meados de 2011, o número de casos de Coqueluche vem aumentando, não só no estado de Minas Gerais, mas também em todo o país. Segundo dados do Ministério da Saúde o crescimento foi de cerca de dez vezes em apenas quatro anos, passando de 979 casos em 2009 para 6.368 em 2013, assim como de 12 para 109 mortes neste período. “Foram registrados muitos casos de coqueluche no Brasil e no mundo nos últimos, devido, principalmente, aos adultos não vacinados”, afirma a Dra. Marilene Lucinda.
A vacina tríplice clássica (DPT) contra Difteria, Coqueluche e Tétano faz parte do Calendário Oficial de Vacinação do Ministério da Saúde e deve ser aplicada aos dois, quatro e seis meses de idade, com doses de reforço aos 15 meses e aos 5 anos. A imunização dura em média dez anos. Há alguns anos, a vacina para coqueluche só era disponível para crianças, mas atualmente os adultos também podem se prevenir e obter o reforço da imunização nas clínicas particulares.
A Dra. Marilene Lucinda alerta, também, para a importância da vacinação das gestantes após a 20ª semana de gestação ou no puerpério (pós-parto imediato). “Ao tomar a vacina, a grávida não só fica protegida contra a doença como evita que ela seja transmitida para seu bebê e ainda passa anticorpos para seu filho por meio da placenta e da amamentação”, explica Marilene Lucinda.
Os sintomas da Coqueluche duram cerca de seis semanas e podem ser divididos em três estágios consecutivos: a) estágio catarral (uma ou duas semanas): febre baixa, coriza, espirros, lacrimejamento, falta de apetite, mal-estar, tosse noturna, sintomas que, nessa fase, podem ser confundidos com os da gripe e resfriados comuns; b) estágio paroxístico (duas semanas): acessos de tosse paroxística, ou espasmódica. De início repentino, esses episódios são breves, mas ocorrem um atrás do outro, sucessivamente, sem que o doente tenha condições de respirar entre eles e são seguidos por uma inspiração profunda que provoca um som agudo parecido com um guincho. Os períodos de falta de ar e o esforço para tossir deixam a face azulada (cianose) e podem provocar vômitos; c) estágio de convalescença: em geral, a partir da quarta semana, os sintomas vão regredindo até desaparecerem completamente.
Sobre a Pneumonia
A Pneumonia é uma das doenças que mais causa óbito no mundo, principalmente em países em desenvolvimento, chegando a matar mais que a Aids, malária e tuberculose. A doença é resultado de infecções que se instalam nos pulmões, provocadas pela penetração de um agente infeccioso no espaço alveolar. Podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos, substâncias inorgânicas e por reações alérgicas. A forma mais comum é chamada de Pneumonia da Comunidade, uma infecção provocada por bactérias e contra a qual existe tratamento específico com antibióticos. Os sintomas são febre alta, tosse aguda, dor torácica, toxemia intensa e estado de prostração. É importante lembrar que a doença tem evolução rápida. Nas pessoas idosas e nas crianças, o quadro pode ser mais grave e requer cuidados específicos. Desde que convenientemente tratadas, as pneumonias não deixam sequelas.
Fonte: Hermes Pardini, disponível em:
https://www3.hermespardini.com.br/pagina/1521/doencas-que-comprometem-o-sistema-respiratorio-merecem-atencao-no-inverno.aspx